O Midori, sistema operacional ultra-secreto da Microsoft, poderá suceder o Windows 7 em 2013.

Há poucos dias, comentei neste blog que o Singularity, sistema operacional não-Windows da Microsoft, está liberado para download. Embora não tenha utilidade prática no momento, o Singularity dá o que pensar. Em toda a história dos sistemas DOS/Windows, a Microsoft sempre manteve alto grau de compatibilidade com versões anteriores. Apesar das reclamações sobre os aplicativos do XP que não rodam no Vista (sim, são muitos), o fato é que há programas criados há mais de dez anos que ainda podem ser usados no Windows mais recente.

A Apple seguiu um caminho diferente quando lançou o Mac OS X, em 2001. Esse sistema operacional não roda nativamente os aplicativos das versões anteriores do Mac OS. Para executá-los, usa-se uma camada de emulação. É possível que a Microsoft esteja pensando em fazer algo parecido com o Windows algum dia. Depois de 27 anos no mercado (o MS-DOS nasceu em 1981), o peso da compatibilidade é um problema para o Windows, já que impede uma modernização mais radical na arquitetura. Com o Singularity, a Microsoft tem a oportunidade de vislumbrar como seria um sistema operacional desenvolvido do zero, com uma arquitetura realmente inovadora.

Sabe-se que a empresa tem outro projeto de sistema operacional, supostamente ligado ao Singularity, conhecido pelo codinome Midori. A Microsoft não diz uma palavra sobre o Midori. O que se comenta é que alguns dos melhores programadores da empresa foram recrutados para trabalhar nesse projeto ultra-secreto. Logo, trata-se de algo importante. Uma possibilidade levantada por muita gente é que o Midori seria o sucessor do Windows 7, previsto para o início de 2010. Se a empresa mantiver seu plano de apresentar uma nova versão a cada três anos, o Midori estaria sendo preparado para 2013.

Essa não é a primeira vez que se comenta que a Microsoft estaria reescrevendo o Windows do zero. Blogueiros, jornalistas e pesquisadores periodicamente levantam essa bola. Em geral, esses comentários são resultado mais do desejo de ver algo novo no campo dos sistemas operacionais que de fatos concretos. A americana Mary-Jo Foley, por exemplo, especula se o Midori não seria uma retomada dos objetivos do Cairo, sistema operacional distribuído e orientado a objeto que a Microsoft tentou desenvolver entre 1991 e 1996. O projeto Midori é liderado por Eric Rudder, da turma de Bill Gates (não da de Steve Ballmer). Gates era o grande entusiasta do projeto Cairo. E Rudder seria a pessoa certa para retomá-lo.

Olhando realisticamente, a Microsoft não poderia fazer uma ruptura abrupta com o passado como fez a Apple. A base instalada da Apple está mais ou menos sob controle: há relativamente poucos produtores de software e um único fabricante de micros – ela mesma. No caso dos PCs com Windows, existe uma legião de fabricantes de software e hardware, que produzem equipamentos em configurações extremamente variadas. Qualquer mudança radical afetaria muita gente e causaria tantos problemas que eles acabariam pesando mais que os supostos benefícios do novo sistema.

Assim, qualquer mudança deverá ser cautelosa e gradual. Um eventual novo sistema deveria conviver com o Windows durante vários anos. Nesse período, ele seria aperfeiçoado, ganharia aceitação no mercado e teria os principais problemas de compatibilidade resolvidos. O blogueiro Ed Bott lembra que isso foi mais ou menos o que aconteceu com o Windows NT. Quando esse sistema operacional foi lançado, em 1993, ele permaneceu oito anos convivendo com o Windows antigo. Foi só em 2001, com o lançamento do Windows XP – um derivado do NT – que a antiga base de código do Windows foi abandonada. Se o Midori vier a se tornar um produto comercial, algo semelhante deve ocorrer com ele.