Crescimento do P2P, em verde: pesquisa da Ferguson inserida no estudo mostra que o P2P é o que mais possui tráfego na web

O compartilhamento de arquivos na internet não desencoraja a produção criativa. É o que diz a pesquisa de uma dupla de economistas de Harvard Business School.

De 2000 para cá, segundo Felix Oberholzer-Gee e Koleman Strumpf, no ápice do crescimento do P2P e da proliferação do MP3, a indústria musical mais que duplicou suas produções.

A análise informa que em 2007, incluindo os lançamentos digitais, 79.685 álbuns foram criados no mundo. Sete anos antes, o número foi de 35.516 novos discos, de acordo com dados da Nielsen SoundScan.

As vendas das gravações, sim, decaíram, entretanto, os estudiosos apresentam dados que evidenciam que o lucro dos artistas não diminuiu com a popularização do compartilhamento digital. Verbas provindas de shows, por exemplo, cresceram mais do que o comércio das mídias caiu, segundo a conclusão do File Sharing and Copyright Working Paper (disponível para consulta em PDF).

O que ocorre no mercado, conforme publicado no relatório,  trata-se de uma maior distribuição do faturamento. Enquanto as gravadoras perdem parte de seu lucro, empresas relacionadas a concertos musicais e reprodutores de mídia digital, como a Apple e seu icônico iPod, crescem expressivamente seus negócios.

Um dos principais argumentos dos opositores ao compartilhamento de arquivos na web é que o desrespeito aos direitos autorais desestimularia a criação de novos trabalhos na área fonográfica e também na literatura.

Os números de lançamentos nos últimos anos em todo o mundo, inclusive na área cinematográfica, refutam a tese. Em quatro anos, de 2003 a 2007, o número de filmes aumentou em mais de mil produções anuais, informa pesquisa da Screen Digest. O curioso é que o aumento também acontece em países onde as cópias ilegais são mais comuns, como na China, Coréia do Sul e Índia.

Na conclusão da pesquisa, os economistas escrevem que o formato digital também diminui o custo de produção de filmes e músicas, permitindo com que os artistas atinjam o público-alvo em diferentes formas. As pesquisas futuras da Harvard Business School se direcionarão para essa mudança de renda induzida pelas novas tecnologias, segundo os próprios.